Disse no post passado que quando chegamos na medina e começamos a procurar o nosso hotel a euforia inicial deu lugar a uma tensão, um certo medo de estar em um lugar diferente, com aquelas milhares de pessoas vendendo coisas e andando de um lado para outro e nos respondendo sempre uma direção nova quando perguntavámos pelo nosso hotel. Permitam-me apresentar cada um de nós.Eu e Bruna de João Pessoa, o espanhol que conhececemos no avição e que já tinha estado em marakesh uma ou duas vezes , duas paulistanas estudantes de jornalismo, um maluco de Taubaté que faz história como eu e um mais maluco ainda de brasília que faz teatro.Todos começaram a ficar muito perturbados à medida que escurecia e continuávamos com nossas mochilas na costas andando de um lado para o outro, eu fiquei um pouco chateado com o pessoal quando percebi que o problema não era nas informações que nos davam e sim com nossa incapacidade de acreditar no que diziam. Vou explicar.Não sei como e nem com quem começou, mas percebi que toda vez que alguém me dizia o caminho, os outros brasileiros me diziam para não acreditar e simplesmente faziam o contrário.Por exemplo, um senhor tinha me dito: vão em frente e dobrem na primeira esquerda.Fomos em frente e antes de dobrarmos a esquerda alguem falou que não era por aqui e melhor voltar. MINHA NOSSA, como eles sabiam que não era por aquele caminho, e o que poderia dar errado se tinha milhares de pessoas por todo lugar? “Se você está em um algum lugar que você não conhece, você tem que escolher acreditar nas pessoas locais, pelo menos um pouco” desabafei para alguém no outro dia.Achamos nosso hotel ( sim, era no local onde tinha me dito), estávamos cansados e com fome. Deixamos as bagagens e saimos para jantar e de novo a mesma “nóia” do pessoal.Ao redor da Place Jamaa el fina, tem uns restaurantes estilizados daqueles feitos para turistas( é estranho falar isso, porque marrakesh vive de turismo) mas esses tem varandas e as pessoas ficavam tirando foto da medina lá de cima, coisas do tipo.Enquanto decídiamos onde iríamos jantar ( já era perto das 22h00) um senhor se aproximou de mim e puxou conversa, perguntou de onde eu era(eu estava um pouco afastado do pessoal), disse que era do brasil e ele ficou super feliz e falou sobre...sim, sobre futebol, hehe. Eu estava com um barba considerável e ele me disse que eu parecia marroquino, ao que imendei com “mas eu tenho ascendencia argelina por parte de pai” – se é verdade? Não sei, mas meu pai me conta que os bisavós dele vieram da argélia - ele riu mais ainda e disse “então somos irmãos”. Apontei para o restaurante que pensávamos em comer e ele disse que era restaurante para turista americano e que não era muito bom, era tipo mcdonalds. Velhinho simpático, ele me disse que tinha com restaurante perto que era buffet à vontade ( nem preciso dizer que não consegui segurar o sorriso né?) por 8 euros, e era a verdadeira cozinha marroquina, feita pelas mulheres em panela de barro. Ele fez questão de frisar que era feita por mulheres e não por “chefs” homens que pensam a cozinha como ciência. Me aproximei do pessoal e disse que o senhor ali ía nos levar num restaurante que tinha buffet, eles concordaram meio com medo e disseram em “ok” meio temeroso. Fui na frente conversando com o velho senhor e ao mesmo tempo que ele me dizia que não iria me cobrar por isso e que estava nos levando apenas pelo prazer de nos mostrar a verdadeira cozinha marroquina, um dos nossos me chamou e disse “ esse velho vai nos cobrar por isso, cuidado” hehehe, e eu disse, não vai não. Ele não nos cobrou ( mas isso é comum no marrocos, os favores que algupem faz várias vezes não são favores mas contrato de serviços, mesmo que só fiquemos sabendo disso depois, haha).Sobre o nosso primeiro jantar? Delicioso, couscous, tajine, uma sopa deliciosa, sobremesas, frutas, pão e mais um monte de coisa. Satisfeitos, todos dormem. Primeira manhã, ensolarada, começa com um café da manhã da cobertura do prédio do hotel. O suco de laranja mais gostoso que eu já tomei. Saímos para a medina e , como na noite anterior, muita, mas muita gente.Estávamos num país árabe e mesmo com toda a abertura ao ocidente, estabelecemos que as meninas iam andar sempre conosco, nada de mulher sozinha andando por aí ( o que depois se mostrou desnecessário pois vimos vários grupos só de mulheres marroquinas, inclusive sem véu). Chegando na praça Jamaa el Fina( era bem perto do hotel, tipo, 1 minuto andando como baiano) já avistei um monte de tendas com cobras e pessoas tirando foto segurando e se enrolando nas cobras, preciso dizer que as meninas quando viram isso começaram a gritar de medo e se afastar da gente.Eu e mais os outros dois brasileiros fomos em direção a uma dessas tendas para tirar foto com as cobras, sim, éramos os típicos turistas idiotas de primeira viagem, olhavámos admirados para todos os lados, não escondiamos os sorrisos, é claro que íam nos cobrar aquela grana para tirar foto.Não adiantou dizer que era brasileiro, quando terminou a sessão de fotos eles começaram a pedir uma ajuda para sustentar a família e nessa hora, o que antes eram umas 3 pessoas, de uma hora pra outra passa para umas 12, juro, não sei como apareceu tanta gente tão rápido...Pagamos, quer dizer, ajudamos a família e saímos andando. Saímos da medina e fomos andando pela cidade, chegamos em outra praça com um jardim simpático e com uma mesquita enorme que só os homens podiam entrar, não entramos. Continuamos andando,fomos pra outro jardim com um monte de pé de laranja cheio de laranja que não presta pra comer porque é azeda, muito azeda...
No outro dia saímos de 7 horas da manhã para um excursão de dois dias pelo atlas (foto de cima), por algumas cidades como Kasbah(foto de baixo) deserto de zagora ( acho que é isso, é o começo do saara e se eu não me engano foi onde foi filmado tatooine em Star wars) ,dormimos nesse deserto, em um acampamento montado pelo pessoal local. Nem é muito longe da cidade, na verdade a gente pára nessa cidade e pega uns camelos ( só porque tava incluido no pacote da excursão) e anda uma hora de camelo até chegar nesse acampamento.Na volta desse passeio a gente passou no museu do cinema, mas...
nem deu pra entrar, não sei nem porque, eu tava com fome mesmo e só queria almoçar. Alguns filmes, como Babel, Prince of Pérsia e Star Wars tiveram cenas filmadas no Marrocos, eu conversei com um senhor e uma das cidades que a gente parou e ele disse que atuou em Prince of Pérsia junto com Ben Kingsley, Nossa!!Bom, é isso, depois a gente voltou pra marrakesh, ficou mais perambulando pela medina e ainda fomos no Jardin Marojelle e no memorial Yves Saint-Laurent, nem deu pra ir nos palácios e nas outras coisa históricas que tem marrakesh, mas, essa foi a primeira, ainda quero voltar lá sim. Mas digo logo, pra quem quer uma viagem tranquila, não vá pro marrocos, você tem que ficar ligado sempre, não é que vão lhe roubar, mas tão sempre insistindo pra olhar as coisas e comprar e quando sabem que você é brasileiro pedem logo pra você dar-lhes de presente a camisa da Seleção ( eu tinha levado a minha e planejava usar-la, ainda bem que não o fiz). Ah, bom aprender em árabe: LA CHUCRAN , quer dizer, não obrigado!
Chucran!